É comum a gente se deparar com obstáculos de ordem emocional vinculados a sentimentos de mágoa, revolta e injustiça. Quando nos sentimos assim, ficamos extremamente incomodados, com um mal estar muito grande, como se o mundo estivesse em dívida para conosco.
Não preciso nem dizer o tanto que isso é paralisante em nossas vidas e passamos a arrastar correntes, prisioneiros do passado, impedidos de caminhar e abrir nossas portas para o futuro.
Já vi, inclusive, pessoas que culpam a Deus, revoltados com o que "Ele deixa" acontecer, que nos faz sofrer.
Quantas vezes já ouvimos alguém nos dizer: você precisa aprender a perdoar! Perdoa gente, perdoa...Está o tempo todo na mídia, por sinal.
E, na verdade, quando estamos atolados até o pescoço com nosso sofrimento, que só a gente sabe o tanto que dói, fica complicado acionarmos o perdão. Fala sério.
Mesmo depois, já recuperados dos tombos, como vamos perdoar aqueles que nos viraram as costas ou nos empurraram para o abismo?
Bem, devemos pensar nisso tudo de forma a estabelecer dentro de nós uma condição, uma espécie de pacto conosco mesmos, que irá nos ajudar a encarar a vida desconectando a gente dos seus resultados. (Estou aqui com vontade de rir pois isso parece mágica. Imagino o que você, amigo, esteja pensando agora!)
Calma, na verdade é simples. Vamos fazer um breve raciocínio.
Imagine se deixo cair um copo e ele se quebra. Mesmo que eu prove que foi sem querer, que eu não tive absolutamente a intenção de quebrar o copo, ele quebrou mesmo assim. Portanto, para toda ação há uma reação: e eu deixo o copo cair, ele se quebra: fato!
Nos nossos vínculos pessoais, tudo acontece da mesma forma.
Diante de nossas necessidades pessoais, esbarramos nos limites do outro e, mesmo que sem intenção, mesmo sem querer, quebramos estes limites e atingimos o outro.
Diante do rompimento dos limites, o outro terá que lidar com os cacos que o atingiram e, no movimento, esbarra em outros limites, numa cadeia interminável que, na verdade, gera um movimento cósmico que traduziremos como aprendizado.
Certamente, se observarmos bem, a partir da experiência de sermos invadidos ou de termos invadido, vamos redobrar a atenção e os cuidados para com o outro e então teremos tido bastante experiência para evitar as quebras, aprendendo assim a caminhar, ao máximo possível, dentro de nossos próprios limites, respeitando o limite do outro.
Diante das leis inevitáveis do universo, como vamos nos culpar ou culpar o outro pelo que não pudemos ter ou dar? Não! Não antes de podermos aprender...afinal, estamos na Terra para aprender, não é?
A gente o que pode, faz o que crê, faz o que nossa necessidade determina como sendo o certo daquele momento da nossa vida. Portanto:
Não há o que perdoar!
Não perca tempo com isso. Esqueça o perdão!
Viva a vida compreendendo que estamos todos nadando e dando braçadas, tentando nos salvar e àqueles aos quais amamos. E muitas vezes, nossas braçadas atingem o próximo...
Procure pensar que estamos caminhando afim de equilibramos nossas emoções internas. A invasão do outro me leva exatamente às minha emoções: raiva, medo, angústia, etc...procuremos encará-las e analisá-las. vai nos fazer muito bem. E então descobriremos que nossos inimigos podem ser nossos melhores mestres.
E faça ainda mais: deixe Deus fora disso! O caminho do aprendizado já é demasiadamente longo e ainda não podemos alcançar a compreensão divina.
Tudo o que podemos saber agora é que "ELE" nos enviou um "cipó" chamado "fé" para que possamos nos agarrar enquanto tentamos aprender e finalmente sair daqui.
Uma passagem sábia que pude observar nessa vida foi quando o Papa João Paulo foi visitar na prisão aquele que tentou tirar sua vida.
Quando os repórteres perguntaram a ele se havia perdoado ao homem, ele de pronto respondeu:
"Não há o que perdoar!".
Comments